segunda-feira, 16 de maio de 2011
terça-feira, 10 de maio de 2011
serra umidas

As serras úmidas do Nordeste brasileiro, localmente denominadas de ‘brejos de altitude’, formam ilhas de umidade e de florestas perenes (mata úmida) que contrastam com as condições ecológicas das baixas superfícies aplainadas adjacentes, caracterizadas pela ocorrência de secas prolongadas (sertão). Apesar da importância das serras úmidas, tanto do ponto de vista ecológico quanto cultural e sócio-econômico, a rica diversidade de seus ambientes continua pouco conhecida, sobretudo porque o Nordeste é frequentemente reduzido à sua porção semi-árida (‘polígono das secas’), a mais extensa mais também a menos movimentada. O presente estudo mostra a importância de uma abordagem morfopedológica, na perspectiva do conhecimento e gestão desse meio ambiente. Aplicada ao maciço de Baturité (Ceará), definido como sítio principal desse estudo, a metodologia utilizada apoia-se em um tripé : i) reconhecimento detalhado da área de estudo, o que permitiu a caracterização do modelado, do manto de intemperismo e do solo, ii) caracterização analítica dos solos e dos materiais intemperizados no laboratório, necessitando a utilização de técnicas oriundas da pedologia e da geoquímica, e enfim, iii) tratamento e espacialização na forma de SIG, contendo informações recolhidas no campo e no laboratório, com a finalidade de propor un método de síntese morfopedológico aplicável ao estudo de outras serras úmidas do Nordeste brasileiro. Os principais resultados da pesquisa são apresentados na forma de um inventário original das paisagens morfopedológicas do maciço de Baturité e de sua superfície de piso (ou piemont, representado pela depressão Sertaneja) . Os resultados são alocados em uma discussão mais geral sobre as relações entre o clima (ou pedoclima) e o desenvolvimento do modelado, do manto de intemperismo e dos solos, através de comparações geográficas com outras áreas tropicais de embasamento cristalino do mundo (oeste da África, sul da Índia).
Palavras chave: serras úmidas, semi-árido, modelado, intemperismo, solos, pedoclima.
saga amazonia

Era uma vez na Amazônia a mais bonita floresta
mata verde, céu azul, a mais imensa floresta
no fundo d'água as Iaras, caboclo lendas e mágoas
e os rios puxando as águas
Papagaios, periquitos, cuidavam de suas cores
os peixes singrando os rios, curumins cheios de amores
sorria o jurupari, uirapuru, seu porvir
era: fauna, flora, frutos e flores
Toda mata tem caipora para a mata vigiar
veio caipora de fora para a mata definhar
e trouxe dragão-de-ferro, prá comer muita madeira
e trouxe em estilo gigante, prá acabar com a capoeira
Fizeram logo o projeto sem ninguém testemunhar
prá o dragão cortar madeira e toda mata derrubar:
se a floresta meu amigo, tivesse pé prá andar
eu garanto, meu amigo, com o perigo não tinha ficado lá
O que se corta em segundos gasta tempo prá vingar
e o fruto que dá no cacho prá gente se alimentar?
depois tem o passarinho, tem o ninho, tem o ar
igarapé, rio abaixo, tem riacho e esse rio que é um mar
Mas o dragão continua a floresta devorar
e quem habita essa mata, prá onde vai se mudar???
corre índio, seringueiro, preguiça, tamanduá
tartaruga: pé ligeiro, corre-corre tribo dos Kamaiura
No lugar que havia mata, hoje há perseguição
grileiro mata posseiro só prá lhe roubar seu chão
castanheiro, seringueiro já viraram até peão
afora os que já morreram como ave-de-arribação
Zé de Nata tá de prova, naquele lugar tem cova
gente enterrada no chão:
Pos mataram índio que matou grileiro que matou posseiro
disse um castanheiro para um seringueiro que um estrangeiro
roubou seu lugar
Foi então que um violeiro chegando na região
ficou tão penalizado que escreveu essa canção
e talvez, desesperado com tanta devastação
pegou a primeira estrada, sem rumo, sem direção
com os olhos cheios de água, sumiu levando essa mágoa
dentro do seu coração
Aqui termina essa história para gente de valor
prá gente que tem memória, muita crença, muito amor
prá defender o que ainda resta, sem rodeio, sem aresta
era uma vez uma floresta na Linha do Equador...
segunda-feira, 25 de abril de 2011
A CIDADE DE GUARAMIRANGA
A Cidade de Guaramiranga

Muito apropriadamente, Guaramiranga é denominada a "Cidade das Flores". Há quem a chame de "Suíça Brasileira", quando não a "Cidade Jardim". O fato é que ela é uma cidade que atrai. Mais que isso, enfeitiça. Seu nome é de origem tupi, que significa "Pássaro Vermelho". Guaramiranga está acima de Baturité, no meio do Maciço, com altitude de 865m. Sua temperatura varia da máxima de 25ºC e da mínima de 18ºC, e é esse clima o principal causador de todo esse espetáculos de flores que acabam brotando na cidade. É o que se pode denominar de uma cidadezinha, que teima por não crescer muito para ficar sempre bonitinha. É uma cidade aconchegante, gostosa de se passar e fácil de se locomover. Numa só caminhada você pode conhecer toda a cidade em si. Sua área corresponde a 107,60 quilômetro quadrados, limitando-se ao norte com Pacoti, ao sul com Mulungu, à leste com Baturité e à oeste com Caridade. Está a 123 km de Fortaleza, com acesso pelas rodovias CE-060, CE-356 e CE-065. Rodeada da natureza, Guaramiranga encanta quem por ela passa. Seu povo é acolhedor e gosta de recepcionar quem a visita. A sua população é de cerca de 5,5 mil habitantes. Sua criação data do dia 01 de setembro de 1890, com instalação em 17 de outubro do mesmo ano, sendo ela um desmembramento de Baturité. Assim,da forma como Guaramiranga se mostra, não há quem resista. Desse modo, é uma cidade preparada para o turismo, com uma infra-estrutura toda voltada para agradar quem a visita. O Ecoturismo, então, já tem seus guias treinados para nos levar à aventuras e trilhas, nos ensinando a preservar a natureza. Enfim, só indo até lá para saber realmente o que é "Guará";
- - Cabe informar que o solo do Maciço é basicamente constituído de rochas cristalinas, com alto teor de óxido de ferro, o que empresta à água um cheiro caracteristicamente ferroso e, em algumas ocasiões, uma coloração levemente avermelhada. Nos Chalés Girassol a água é proveniente de poço profundo e portanto também tem estas características;
- - A visibilidade à noite pode estar prejudicada devido a névoa que se forma nas noites mais frias. Portanto, cuidado ao dirigir de noite;
- Na maioria das noites, o céu de Guaramiranga é um espetáculo fascinante. Planeje uma olhada no céu para uma rara visão de beleza e encantamento;
- A estrada por Palmácia apesar de perigosa devido às suas 360 curvas é muito bonita;
- A Linha da Serra, por ser uma área de muito vento é virtualmente livre de mosquitos e muriçocas, porém, se for às cachoeiras é conveniente levar repelente.
terça-feira, 19 de abril de 2011
TURISMO SUSTENTÁVEL[1]
INTRODUÇÃO
Atualmente, compartilha-se da visão de que o Turismo é visto como grande vetor para o desenvolvimento socioeconômico e cultural em diversas cidades brasileiras. No entanto, é necessária uma reflexão sobre esta atividade, que vem se transformando em um negócio de grande expansão em nível mundial, visto como fonte de geração de emprego e renda. As transformações têm gerado impactos nas localidades onde é praticado, e com isso, se tem buscado alternativas para minimizar os possíveis impactos negativos, sendo uma delas, a prática responsável do turismo, considerado a possibilidade de desenvolvimento sustentável, já que está envolvido com as dimensões sociais da cultura, da economia e do ambiente.
A atitude de um turismo sustentável vai ao encontro do desenvolvimento de uma atividade que expressa em todos os seus momentos a consciência humana com seus efeitos. Não há mais como afirmar a inexistência das conseqüências, por vezes negativas, de práticas galgadas em visões simplesmente econômicas, principalmente no que diz respeito ao meio ambiente, reconhecendo a limitação dos recursos naturais a serem explorados. Da mesma forma, não se pode esquecer o vínculo humano com sua cultura, com suas tradições, com sua história e colocar abaixo o cenário e organização social constituída na heterogênea sociedade contemporânea.
"Explorar reconhecendo" parece ser uma junção verbal que possibilita a sustentabilidade do cenário turístico, envolvendo desde o empresariado e o profissional que detém o conhecimento sobre a área até alcançar o consumidor através de uma ampla e reflexiva abordagem da necessidade de contribuição de todos. Envolver todos os interessados no desenvolvimento de uma atividade turística saudável não se traduz apenas em oferecer ambientes limpos e de qualidade ao consumidor, mas alcança-lo através da reflexão sobre sua prática enquanto empresário e profissional, enquanto turista e cidadão.
2.Breve contextualização do turismo
Nos últimos anos, a temática do turismo vem atraindo pesquisadores das mais distintas formações, que encontram aí um campo novo e cada vez mais rico e complexo de estudos. São numerosas as definições sobre o tema, cada autor estabelece um conceito conforme seu olhar sob a atividade.
Para De la Torre
"o turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de pessoas que, fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem do seu local de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica e cultural." (De la Torre,1992, p. 19)
Devemos considerar ainda, que o turismo é um fenômeno em constante transformação, pois sempre está inovando, seguindo tendências e modernizando-se, com o objetivo de atender as necessidades do mercado. Esta atividade vem expandindo-se cada vez mais em vários países, decorrentes de vários fatores como o aumento do tempo livre, da renda pessoal, e ainda, como pontua Beni (2003, p.17) através da globalização, aconteceu uma mais ampla disponibilização e acessibilidade em amplitude mundial dos produtos, das instalações e dos serviços turísticos, como por exemplo, das facilidades dos meios de transportes e hospedagens.
Naisbitt (1994) avalia que, o fenômeno do turismo está cada vez mais presente na vida das pessoas de diversos lugares do mundo globalizado, seja pela mídia especializada ou pelos relacionamentos pessoais dos indivíduos. A aspiração e a necessidade do homem por lazer, cultura, entretenimento, viagem, enfim, tudo que possa alterar seu cotidiano, estão sendo despertados e instigados.
No Brasil, essa atividade vem assumindo novas dimensões, pois passou a ser reconhecida como uma valiosa ferramenta para o desenvolvimento sócio-econômico e cultural do país. Prova disso, foi à criação do Ministério do Turismo em 2003, que propôs o modelo de gestão descentralizada, orientado para o pensamento estratégico, visando desenvolver o turismo como uma atividade sustentável economicamente, gerando emprego e divisas, e assim proporcionando a inclusão social.
Com a consolidação do Ministério do Turismo, a EMBARTUR- Instituto Brasileiro do Turismo passou a ser responsável pela execução da promoção, marketing e apoio à comercialização dos destinos, serviços e produtos turísticos brasileiros no mercado internacional. Sendo válido destacar, que o trabalho da EMBRATUR está tendo grande êxito, visto que nos dias atuais, o intenso apelo turístico direcionado para as riquezas naturais, bem como, da diversidade cultural, tem favorecido o Brasil, já que é o detentor das principais reservas estratégicas de água e biodiversidade do planeta. No âmbito cultural, o Brasil apresenta grande diversidade, preservando a cultura dos imigrantes, cultura essa, que nos países de origem já passou por transformações.
3.TURISMO SUSTENTÁVEL
O desenvolvimento do turismo de forma sustentável é um grande paradigma, encarado como um desafio por especialistas na área, pois o crescimento descontrolado, muitas vezes visto como desenvolvimento de um destino turístico pode levar ao esgotamento dos recursos naturais, assim como, a descaracterização cultural e desequilíbrio social.
O enfoque positivo do desenvolvimento sustentável no segmento do turismo se dá na proposta de minimizar as tensões e os atritos criados pelas complexas interações entre o trade, os visitantes, o ambiente natural e as comunidades locais que recepcionam os turistas [...] Uma perspectiva que envolve esforço para a longa viabilidade e qualidade dos recursos naturais e humanos (apud GARROD; FYALL, 1998, p. 201).
O desenvolvimento a longo prazo é a finalidade da sustentabilidade, e para ter êxito, é necessário a interação da população local, e com isso, alcançar uma melhor qualidade de vida, podendo estabelecer uma relação harmoniosa entre turistas e anfitriãs. Gerando valores agregados por meio de leis de otimização e não da maximização das rendas, assegurando assim a inclusão e a coesão social e política num processo de desenvolvimento integrado e integral. Trás ainda em sua base a preocupação com a conservação, o meio físico e das formas de organização das comunidades receptoras, seus usos, costumes e tradições assim como participação nas fases de planejamento.
É notável em muitos destinos turísticos, a inexistência de planejamento, muitos empresários agem de acordo com seus próprios critérios e interesses, pode-se observar ainda um grande descaso por parte das administrações locais, em relação aos problemas do conjunto, onde favorece por conseqüência alguns poucos empresários. Para evitar esses acontecimentos
"... é preciso buscar o apoio da comunidade desde o início da organização territorial destinada a impulsionar o turismo. Sabe-se que é difícil, mas é possível, até imprescindível, para se alcançarem os resultados satisfatórios do desenvolvimento sustentável do turismo com base local." (Magalhães, 2002, p.90)
FYALL (1998) lançou dez princípios para o desenvolvimento do Turismo de forma sustentável, todos focados de forma direta ou indireta na melhoria da qualidade de vida da comunidade receptora, pois não há possibilidade alguma de desenvolver o turismo em localidade sem que a comunidade desta esteja de acordo. Neles estão explícitas as atitudes necessárias para um turismo que seja sustentável, como pode-se perceber:
1º - Usar os recursos com sustentabilidade: a conservação e o uso sustentável dos recursos-naturais, sociais e culturais – é crucial e faz sentido mantê-los para o futuro da atividade.
2º - Reduzir o excesso de consumo e o desperdício: a redução do excesso de consumo e desperdícios evita os custos de restabelecer em longo prazo danos ambientais e contribui para a qualidade do turismo.
3º - Manter a diversidade: manter e promover a diversidade natural, social e cultural é essencial para o turismo sustentável duradouro, e cria opções diversificadas para a atividade.
4º - Integrar o turismo ao planejamento: o turismo é integrado numa estrutura de planejamento estratégico nacional e local e que empreenda taxas de impactos ambientais aumentando a viabilidade em longo prazo da atividade.
5º - Apóia as economias locais: o turismo que apóia em largo alcance as atividades econômicas locais e que leva em conta seus valores e recursos ambientais protege essas economias e evita danos ambientais.
6º - Envolver as comunidades locais: o total envolvimento das comunidades locais no setor de turismo, não só beneficia a elas e ao meio ambiente em geral, mas também melhora a qualidade da atividade turística.
7º - O poder público e privado: a articulação entre o trade, as comunidades locais, as organizações e instituições ligadas ao turismo é essencial para elas trabalharem integradas, buscando solucionar potencias, conflitos e interesses.
8º - Qualificar mão-de-obra: a qualificação da mão-de-obra integra o turismo sustentável e práticas de trabalho, na medida em que recruta mão-de-obra local em todos os níveis, melhorando a qualidade do produto turístico.
9º - Comercializar o turismo com responsabilidade: o marketing que promove o turismo com ampla e responsável informação aumenta o respeito por ambientes naturais, sociais e culturais das áreas receptoras e aumenta a satisfação dos visitantes.
10º - Desenvolver pesquisas: a realização de pesquisas e o monitoramento da atividade através de dados e analises são essenciais para ajudar a resolver problemas e trazer benefícios para os espaços receptores, para o turismo e seus receptores.
De acordo com a "Globe 90 Conference, Tourism Stream, Action Strategy Sustainable Tourism Development" (Vancouver, BC Canada)
"... o desenvolvimento do turismo sustentável pode satisfazer as necessidades econômicas, sociais e estéticas, simultaneamente as integridades cultural e ecológica. Pode ser benéfico aos anfitriões e para os visitantes enquanto protege e melhora a mesma oportunidade para o futuro. Essas são as boas notícias. Contudo, o desenvolvimento do turismo sustentável envolve tomada de medidas políticas vigorosas baseadas em trocas complexas aos níveis social, econômico e ambiental" (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE TURISMO, 1993:51)
O turismo sustentável é composta pelas pilastras que formam o tripé do desenvolvimento sustentável: eficiência econômica, justiça social e prudência ecológica, através disso as organizações associadas, o trade,também vem buscando uma série de normas e diretrizes para o desenvolvimento e administração da atividade turística.
4.ANÁLISE CONCLUSIVA
Considerando se tratar de uma área em franco desenvolvimento, com tamanha importância tendo em vista sua capacidade de geração de trabalho e renda a partir da realidade social contemporânea, tem-se nesse sentido um mix de possibilidades, alternativas, necessidades e responsabilidades que envolvem todos os atores do mercado turístico. Eles, em frente ao grande desafio de tornar o turismo uma fonte social natural sustentável, necessariamente estão obrigados às ações de análise e planejamento da capacidade turística à qual estão expostos.
Não se admite mais uma ação sem ponderar sobre suas conseqüências, pois na grande transformação desse mercado, sendo ele o responsável por envolver diversas áreas sociais, o mesmo vem acompanhado de alterações legais e de comportamento dos consumidores, o que vai exigir a qualificação cada vez maior dos responsáveis por tornar, ou não, o turismo uma fonte positiva para a sociedade.

INTRODUÇÃO
Atualmente, compartilha-se da visão de que o Turismo é visto como grande vetor para o desenvolvimento socioeconômico e cultural em diversas cidades brasileiras. No entanto, é necessária uma reflexão sobre esta atividade, que vem se transformando em um negócio de grande expansão em nível mundial, visto como fonte de geração de emprego e renda. As transformações têm gerado impactos nas localidades onde é praticado, e com isso, se tem buscado alternativas para minimizar os possíveis impactos negativos, sendo uma delas, a prática responsável do turismo, considerado a possibilidade de desenvolvimento sustentável, já que está envolvido com as dimensões sociais da cultura, da economia e do ambiente.
A atitude de um turismo sustentável vai ao encontro do desenvolvimento de uma atividade que expressa em todos os seus momentos a consciência humana com seus efeitos. Não há mais como afirmar a inexistência das conseqüências, por vezes negativas, de práticas galgadas em visões simplesmente econômicas, principalmente no que diz respeito ao meio ambiente, reconhecendo a limitação dos recursos naturais a serem explorados. Da mesma forma, não se pode esquecer o vínculo humano com sua cultura, com suas tradições, com sua história e colocar abaixo o cenário e organização social constituída na heterogênea sociedade contemporânea.
"Explorar reconhecendo" parece ser uma junção verbal que possibilita a sustentabilidade do cenário turístico, envolvendo desde o empresariado e o profissional que detém o conhecimento sobre a área até alcançar o consumidor através de uma ampla e reflexiva abordagem da necessidade de contribuição de todos. Envolver todos os interessados no desenvolvimento de uma atividade turística saudável não se traduz apenas em oferecer ambientes limpos e de qualidade ao consumidor, mas alcança-lo através da reflexão sobre sua prática enquanto empresário e profissional, enquanto turista e cidadão.
2.Breve contextualização do turismo
Nos últimos anos, a temática do turismo vem atraindo pesquisadores das mais distintas formações, que encontram aí um campo novo e cada vez mais rico e complexo de estudos. São numerosas as definições sobre o tema, cada autor estabelece um conceito conforme seu olhar sob a atividade.
Para De la Torre
"o turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de pessoas que, fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem do seu local de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica e cultural." (De la Torre,1992, p. 19)
Devemos considerar ainda, que o turismo é um fenômeno em constante transformação, pois sempre está inovando, seguindo tendências e modernizando-se, com o objetivo de atender as necessidades do mercado. Esta atividade vem expandindo-se cada vez mais em vários países, decorrentes de vários fatores como o aumento do tempo livre, da renda pessoal, e ainda, como pontua Beni (2003, p.17) através da globalização, aconteceu uma mais ampla disponibilização e acessibilidade em amplitude mundial dos produtos, das instalações e dos serviços turísticos, como por exemplo, das facilidades dos meios de transportes e hospedagens.
Naisbitt (1994) avalia que, o fenômeno do turismo está cada vez mais presente na vida das pessoas de diversos lugares do mundo globalizado, seja pela mídia especializada ou pelos relacionamentos pessoais dos indivíduos. A aspiração e a necessidade do homem por lazer, cultura, entretenimento, viagem, enfim, tudo que possa alterar seu cotidiano, estão sendo despertados e instigados.
No Brasil, essa atividade vem assumindo novas dimensões, pois passou a ser reconhecida como uma valiosa ferramenta para o desenvolvimento sócio-econômico e cultural do país. Prova disso, foi à criação do Ministério do Turismo em 2003, que propôs o modelo de gestão descentralizada, orientado para o pensamento estratégico, visando desenvolver o turismo como uma atividade sustentável economicamente, gerando emprego e divisas, e assim proporcionando a inclusão social.
Com a consolidação do Ministério do Turismo, a EMBARTUR- Instituto Brasileiro do Turismo passou a ser responsável pela execução da promoção, marketing e apoio à comercialização dos destinos, serviços e produtos turísticos brasileiros no mercado internacional. Sendo válido destacar, que o trabalho da EMBRATUR está tendo grande êxito, visto que nos dias atuais, o intenso apelo turístico direcionado para as riquezas naturais, bem como, da diversidade cultural, tem favorecido o Brasil, já que é o detentor das principais reservas estratégicas de água e biodiversidade do planeta. No âmbito cultural, o Brasil apresenta grande diversidade, preservando a cultura dos imigrantes, cultura essa, que nos países de origem já passou por transformações.
3.TURISMO SUSTENTÁVEL
O desenvolvimento do turismo de forma sustentável é um grande paradigma, encarado como um desafio por especialistas na área, pois o crescimento descontrolado, muitas vezes visto como desenvolvimento de um destino turístico pode levar ao esgotamento dos recursos naturais, assim como, a descaracterização cultural e desequilíbrio social.
O enfoque positivo do desenvolvimento sustentável no segmento do turismo se dá na proposta de minimizar as tensões e os atritos criados pelas complexas interações entre o trade, os visitantes, o ambiente natural e as comunidades locais que recepcionam os turistas [...] Uma perspectiva que envolve esforço para a longa viabilidade e qualidade dos recursos naturais e humanos (apud GARROD; FYALL, 1998, p. 201).
O desenvolvimento a longo prazo é a finalidade da sustentabilidade, e para ter êxito, é necessário a interação da população local, e com isso, alcançar uma melhor qualidade de vida, podendo estabelecer uma relação harmoniosa entre turistas e anfitriãs. Gerando valores agregados por meio de leis de otimização e não da maximização das rendas, assegurando assim a inclusão e a coesão social e política num processo de desenvolvimento integrado e integral. Trás ainda em sua base a preocupação com a conservação, o meio físico e das formas de organização das comunidades receptoras, seus usos, costumes e tradições assim como participação nas fases de planejamento.
É notável em muitos destinos turísticos, a inexistência de planejamento, muitos empresários agem de acordo com seus próprios critérios e interesses, pode-se observar ainda um grande descaso por parte das administrações locais, em relação aos problemas do conjunto, onde favorece por conseqüência alguns poucos empresários. Para evitar esses acontecimentos
"... é preciso buscar o apoio da comunidade desde o início da organização territorial destinada a impulsionar o turismo. Sabe-se que é difícil, mas é possível, até imprescindível, para se alcançarem os resultados satisfatórios do desenvolvimento sustentável do turismo com base local." (Magalhães, 2002, p.90)
FYALL (1998) lançou dez princípios para o desenvolvimento do Turismo de forma sustentável, todos focados de forma direta ou indireta na melhoria da qualidade de vida da comunidade receptora, pois não há possibilidade alguma de desenvolver o turismo em localidade sem que a comunidade desta esteja de acordo. Neles estão explícitas as atitudes necessárias para um turismo que seja sustentável, como pode-se perceber:
1º - Usar os recursos com sustentabilidade: a conservação e o uso sustentável dos recursos-naturais, sociais e culturais – é crucial e faz sentido mantê-los para o futuro da atividade.
2º - Reduzir o excesso de consumo e o desperdício: a redução do excesso de consumo e desperdícios evita os custos de restabelecer em longo prazo danos ambientais e contribui para a qualidade do turismo.
3º - Manter a diversidade: manter e promover a diversidade natural, social e cultural é essencial para o turismo sustentável duradouro, e cria opções diversificadas para a atividade.
4º - Integrar o turismo ao planejamento: o turismo é integrado numa estrutura de planejamento estratégico nacional e local e que empreenda taxas de impactos ambientais aumentando a viabilidade em longo prazo da atividade.
5º - Apóia as economias locais: o turismo que apóia em largo alcance as atividades econômicas locais e que leva em conta seus valores e recursos ambientais protege essas economias e evita danos ambientais.
6º - Envolver as comunidades locais: o total envolvimento das comunidades locais no setor de turismo, não só beneficia a elas e ao meio ambiente em geral, mas também melhora a qualidade da atividade turística.
7º - O poder público e privado: a articulação entre o trade, as comunidades locais, as organizações e instituições ligadas ao turismo é essencial para elas trabalharem integradas, buscando solucionar potencias, conflitos e interesses.
8º - Qualificar mão-de-obra: a qualificação da mão-de-obra integra o turismo sustentável e práticas de trabalho, na medida em que recruta mão-de-obra local em todos os níveis, melhorando a qualidade do produto turístico.
9º - Comercializar o turismo com responsabilidade: o marketing que promove o turismo com ampla e responsável informação aumenta o respeito por ambientes naturais, sociais e culturais das áreas receptoras e aumenta a satisfação dos visitantes.
10º - Desenvolver pesquisas: a realização de pesquisas e o monitoramento da atividade através de dados e analises são essenciais para ajudar a resolver problemas e trazer benefícios para os espaços receptores, para o turismo e seus receptores.
De acordo com a "Globe 90 Conference, Tourism Stream, Action Strategy Sustainable Tourism Development" (Vancouver, BC Canada)
"... o desenvolvimento do turismo sustentável pode satisfazer as necessidades econômicas, sociais e estéticas, simultaneamente as integridades cultural e ecológica. Pode ser benéfico aos anfitriões e para os visitantes enquanto protege e melhora a mesma oportunidade para o futuro. Essas são as boas notícias. Contudo, o desenvolvimento do turismo sustentável envolve tomada de medidas políticas vigorosas baseadas em trocas complexas aos níveis social, econômico e ambiental" (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE TURISMO, 1993:51)
O turismo sustentável é composta pelas pilastras que formam o tripé do desenvolvimento sustentável: eficiência econômica, justiça social e prudência ecológica, através disso as organizações associadas, o trade,também vem buscando uma série de normas e diretrizes para o desenvolvimento e administração da atividade turística.
4.ANÁLISE CONCLUSIVA
Considerando se tratar de uma área em franco desenvolvimento, com tamanha importância tendo em vista sua capacidade de geração de trabalho e renda a partir da realidade social contemporânea, tem-se nesse sentido um mix de possibilidades, alternativas, necessidades e responsabilidades que envolvem todos os atores do mercado turístico. Eles, em frente ao grande desafio de tornar o turismo uma fonte social natural sustentável, necessariamente estão obrigados às ações de análise e planejamento da capacidade turística à qual estão expostos.
Não se admite mais uma ação sem ponderar sobre suas conseqüências, pois na grande transformação desse mercado, sendo ele o responsável por envolver diversas áreas sociais, o mesmo vem acompanhado de alterações legais e de comportamento dos consumidores, o que vai exigir a qualificação cada vez maior dos responsáveis por tornar, ou não, o turismo uma fonte positiva para a sociedade.

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